Stent farmacológico comparado com não-farmacológico para pacientes com síndrome coronariana aguda: síntese de evidências

As síndromes coronarianas agudas são causadas por um súbito bloqueio do sangue fornecido ao músculo cardíaco. A intervenção coronariana percutânea é frequentemente utilizada para a síndrome coronária aguda, mas o tipo de stent é motivo de divergência na literatura e em diversas recomendações devido a diferença de custo entre a opção farmacológica e a de metal (não-farmacológica). A discussão sobre a custo-efetividade da alternativa farmacológica é ainda mais incerta no caso de angina estável ou doença arterial crônica, pois a alta prevalência dessas condições faz com que a utilização de alternativas mais custosas seja mais onerosa para o sistema de saúde.

Com base em resultado de uma revisão Cochrane com alta qualidade metodológica, esta síntese de evidências identificou que, em pacientes com síndrome coronariana aguda, a utilização de stent farmacológico pode levar a menos eventos adversos graves, sem aumentar o risco de mortalidade por todas as causas. No entanto, ressalta-se que a certeza da evidência foi considerada de baixa certeza devido a imprecisão das estimativas e ao alto risco de viés de performance dos estudos incluídos. Portanto, estudos futuros podem mudar substancialmente esta recomendação.

O NICE recomendou a utilização de stents farmacológicos para pacientes com síndrome coronariana aguda. Para pacientes com angina estável, a recomendação foi condicionada ao tamanho da lesão (1) a artéria alvo possuir < 3mm ou a lesão possuir >15mm; e à aproximação de custos entre a alternativa farmacológica e de metal. Por fim, devido à alta prevalência da condição, a recomendação desta intervenção deve considerar aspectos econômicos para garantir a eficiência do sistema de saúde.

Principais órgãos de saúde pública no Brasil: quais são e o que fazem

Este texto foi elaborado para esclarecer as principais funções dos órgãos de saúde no Brasil. Seu objetivo é apresentar esses órgãos com suas funcionalidades.

Em 1988, a nova Constituição brasileira, chamada de Constituição Cidadã, incorporou os princípios do Movimento de Reforma Sanitária Brasileiro (MRSB) que idealizou o Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS atende todo e qualquer cidadão brasileiro ou estrangeiro de forma universal considerando o conceito de saúde como maior do que a ausência de doenças, mas garantindo qualidade de vida através da promoção, recuperação e reabilitação em saúde (Brasil 2011).

O Ministério da Saúde (MS) é responsável pela administração e monitoramento do Sistema Único de Saúde (SUS), através de políticas de vigilância de medicamentos e alimentos, promoção e proteção da saúde da população, disseminação de informação e pesquisa científica. O MS é composto por órgãos de assistência direta, secretarias, órgãos vinculados e órgãos colegiados, cada um com funções específicas (Brasil 2020). Apesar das diferentes instâncias que fazem parte do MS, é importante considerar que o MS não é o centro do SUS.

O MS é responsável pela administração e monitoramento do Sistema Único de Saúde (SUS) e é composto pelo Conselho Nacional de Saúde e pelas Agências Reguladoras. Porém, nada do que é realizado é decidido pelo MS. Na verdade, as secretarias municipais e estaduais de saúde são responsáveis pela tomada de decisão. São elas que, de fato, executam o SUS.

O SUS é organizado regionalmente, de forma a descentralizar e organizar a administração dos serviços de saúde com participação social e integrada à comunidade.

Vacinas para prevenção de Covid-19

Dentre todas as vacinas elaboradas por diferentes laboratórios e aprovadas, cerca de 10.712.423.741 doses já foram aplicadas. Assim, fez-se necessário identificar e sumarizar as vacinas que têm sido elaboradas para facilitar a compreensão sobre a disponibilidade de tipos, doses e marcas de cada uma. Para isso, foi realizada busca em bases de protocolos de ensaios clínicos.

Foram encontrados mais de 400 protocolos registrados avaliando diferentes combinações de esquemas vacinais para a prevenção de Covid-19. Foi possível observar certa homogeneidade entre os desfechos planejados pelos protocolos (eventos adversos), porém foi possível observar grande variedade nas vacinas estudadas pela amostra de protocolos selecionada.

Considerando a data da busca deste sumário e sua finalização, mais 618 protocolos foram registrados nas bases de dados. Espera-se que mais estudos e sínteses de evidências, principalmente incluindo populações menores de 18 anos, sejam realizados e que as evidências sobre a eficácia das vacinas para Covid-19 tornem-se cada vez mais robustas, disseminando informações mais coerentes para a comunidade científica e população geral.

Sustentabilidade e gestão hospitalar: revisão de revisões sistemáticas

Em 2015, a ONU estabeleceu entre seus países membros o Sustainable Development Goals, um plano de ação internacional para acabar com a pobreza, melhorar a qualidade de vida da população geral e proteger o planeta. Dezessete objetivos foram estabelecidos para serem alcançados até 2030, entre eles o acesso universal a serviços de saúde de qualidade e a redução da mortalidade por contaminações e poluentes. Para alcançar essas metas, a ONU estabeleceu o tripé crescimento econômico, inclusão social e proteção ambiental.

Adaptações estruturais como condicionamento de ar, uso racional da água, sistemas de iluminação natural e energia renovável deveriam ser colocadas em prática, porém, no Brasil, a real aplicabilidade dessas adequações encontra dificuldades econômicas, culturais e tecnológicas. Espera-se que as mudanças nos serviços de saúde impactem de forma positiva a produtividade e a segurança e bem-estar dos pacientes, com redução de custos a longo prazo. Assim, fez-se necessário identificar quais as possíveis estratégias de adaptação de serviços de saúde a modelos estruturais mais sustentáveis.

Foram incluídas 20 revisões sistemáticas. Todas, de alguma forma, pontuam que, para tornar a saúde uma área sustentável, investimentos adequados às adaptações de cada tipo de serviço são necessários. Os resultados de todas as propostas são a longo prazo, ou seja, existe a necessidade de um bom planejamento estrutural e orçamentário. Algumas revisões sugerem que os profissionais da saúde colaboradores dos serviços necessitam de gestores e líderes que sejam vistos como bons exemplos. Adaptações comportamentais devem ser seguidas por projetos de educação continuada, feedbacks positivos e outras formas de estímulos, como ‘funcionário sustentável do mês’.

As mudanças estruturais devem ser acompanhadas por equipes de especialistas em meio ambiente, arquitetura, farmácia, nutrição e saúde. Cada uma das profissões deve levar em consideração os impactos que as suas intervenções têm no meio ambiente. Novas tecnologias são estimuladas, porém deve estar claro qual o seu objetivo e quanto tempo é necessário para alcançá-lo. Todos os estudos sugerem que após as adaptações necessárias, seja feito um monitoramento, se possível por uma equipe independente, para reavaliar o que foi realizado, manter o que estiver adequado e re-adaptar o que for necessário.

Considerando o atual cenário e os dados disponíveis, é possível que os Sustainable Development Goals para 2030 sejam alcançados, desde que os serviços, investidores, gestores, políticos, profissionais e população geral estejam envolvidos e engajados em manter uma relação mais sustentável com o meio ambiente.

Suicídio no contexto da Covid-19. Sumário de referências.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as tentativas de suicídio foram a quarta maior causa de morte entre jovens no mundo em 2019. Considerando que o isolamento social é um dos fatores de risco para tentativas de suicídio e a pandemia de Covid-19 fez com que a população geral praticasse de forma ativa tal isolamento, fez-se necessário identificar a literatura científica sobre o tema e quais intervenções têm sido propostas.

Nove dos 12 estudos incluídos apresentaram teorias sobre fatores de risco para tentativas de suicídio e três estudos propõem estratégias de prevenção para tentativas de suicídio ou ideação.

A crise econômica, o abuso de substâncias, a perda da continuação de algum tratamento para qualquer tipo de transtorno mental ou de humor são, por si só, considerados fatores de risco para tentativas de suicídio, mas no contexto da pandemia eles estão associados ao medo da doença, incertezas sobre o futuro e morte e luto de familiares e pessoas de referência.

Esses fatores de risco podem afetar as taxas de tentativas de suicídio, porém, até o momento, nenhum estudo conseguiu controlar os fatores confundidores o suficiente para conseguir afirmar que realmente existe uma correlação entre a pandemia de Covid-19 e as taxas de tentativas de suicídio.

As estratégias de prevenção encontradas, em sua maioria, sugerem que uma rede de suporte social seja estruturada para lidar com a sensação de solidão sentida pelas pessoas. Além disso, todos os estudos sugerem a elaboração de políticas públicas voltadas para a continuidade de atendimentos de saúde mental e também programas sociais para readaptação econômica dos mais necessitados.

REABILITAÇÃO COGNITIVA PARA PACIENTES PÓS-COVID-19. SUMÁRIO TÉCNICO.

A síndrome pós-Covid pode ser considerada como sintomas persistentes mesmo após recuperação da Covid-19. Semelhante ao paciente na fase aguda da doença, pacientes com síndrome pós-Covid experienciam sequelas cardiorrespiratórias, neurológicas, psicológicas. Para o NICE, as consequências dos sintomas a longo prazo para os sistemas de saúde são de grande preocupação.

Assim, fez-se necessário identificar e sumarizar as estratégias de reabilitação cognitivas para pacientes que apresentam a síndrome pós-Covid, ou sintomas de Covid-19 mesmo após sua recuperação. Este sumário buscou de forma ampla e incluiu 23 estudos. Dois deles são estudos comparativos, porém são ensaios clínicos em andamento e não há dados de efetividade publicados até o momento.

Foram encontradas estratégias como mindfulness, elaboração de diários, música, treinamento cognitivo, psicoterapia, guias escritos, telemedicina, exercícios comportamentais, conscientização corporal, repetição de tarefas. Porém, os estudos não apresentam detalhes, apenas citam como “reabilitação”.

Apesar do grande número de estratégias propostas, o que indica a importância do tema, ensaios clínicos randomizados finalizados avaliando a efetividade e a segurança de diferentes modelos de reabilitação não foram identificados.

HIPOCLORITO DE SÓDIO PARA DESCONTAMINAÇÃO/DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19

O contato com uma superfície contaminada por gotículas de Covid-19, e logo depois tocar no rosto, olhos, nariz ou boca, pode ser uma rota de transmissão do SARS-CoV-2. A descontaminação de locais públicos pode ajudar a reduzir os riscos de infecção.

Esta revisão sistemática rápida identificou, avaliou e sumarizou as evidências disponíveis sobre eficácia e segurança do hipoclorito de sódio para desinfecção de superfícies durante a pandemia de COVID-19.

As estratégias de busca nas bases de dados identificaram 149 referências. Sete estudos com desenhos variados foram incluídos (três revisões narrativas, três estudos de opinião e um estudo experimental). Os estudos abordam as vantagens e desvantagens do uso do hipoclorito de sódio para desinfecção de materiais e ambientes. Ressalta-se haver grande incerteza com relação a qualquer tipo de recomendação.

Estudos com metodologia adequada são necessários para apoiar qualquer achado. A utilização do hipoclorito de sódio em qualquer concentração, por qualquer método e para qualquer superfície, ambiente ou dejeto deve ser monitorada.

OZÔNIO PARA COVID-19: DESCONTAMINAÇÃO/DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES. REVISÃO SISTEMÁTICA RÁPIDA

A aplicação de ozônio para descontaminação/desinfecção em diferentes superfícies está sendo considerada como intervenção no contexto da pandemia de COVID-19.

Esta revisão sistemática rápida teve como objetivo identificar, avaliar e sumarizar as evidências disponíveis sobre a eficácia e a segurança da aplicação de ozônio para a desinfecção de superfícies durante a pandemia de COVID-19.

As estratégias de busca nas bases de dados identificaram 138 referências. Após o processo de seleção, dois estudos com desenhos inadequados para responder à pergunta desta revisão foram incluídos (um estudo de opinião e um estudo experimental in vitro). Os estudos abordam de maneira descritiva a utilização do ozônio para descontaminação em diferentes materiais e fazem recomendações sobre esta intervenção no cenário da pandemia de COVID-19.

Ressalta-se haver grande incerteza com relação a qualquer tipo de recomendação. São necessários estudos clínicos com foco em desinfecção de superfícies em contato direto e em ambientes reais com o SARS-CoV-2 para se aumentar a certeza da evidência para tal contexto.

EXAMES PRÉ-OPERATÓRIOS NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19

A pandemia de Covid-19 resultou em muitas incertezas relacionadas ao cuidado cirúrgico, principalmente de procedimentos eletivos. As principais dúvidas são relacionadas à segurança do paciente durante os procedimentos, a segurança da equipe cirúrgica e o manejo pré-operatório durante a pandemia.

Um ponto chave em discussão é o papel da tomografia de tórax como exame pré-operatório para rastreio de pacientes assintomáticos. A Organização Mundial da Saúde publicou em 11 de junho de 2020 um guideline sobre exames de imagem no manejo da pandemia.

Não há recomendação específica para pacientes no pré-operatório, porém não se recomendou o uso da tomografia de tórax em pacientes assintomáticos em nenhuma circunstância considerada pelo guideline.

Este relatório técnico teve como objetivo sumarizar as recomendações dos principais guidelines nacionais e internacionais sobre manejo pré-operatório no contexto da pandemia de Covid-19 e avaliar a recomendação de tomografia de tórax para screening pré-operatório durante a pandemia.

ESTRATÉGIAS REFERENCIADAS PARA MANEJO DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19. SUMÁRIO TÉCNICO DE REFERÊNCIAS.

Os cuidados paliativos têm o objetivo de melhorar a qualidade de vida de pacientes e seus familiares com uma doença ameaçadora da vida através do alívio do sofrimento pela identificação precoce, avaliação e manejo de sintomas físicos e sócio-psico-espirituais.

A pandemia de Covid-19 tem se mostrado um grande amplificador de sofrimento através do alto número de mortes e isolamento físico, medo e ansiedade e instabilidades sociais e financeiras. O alívio das formas de sofrimento precisa ser visto como um ponto chave nas respostas coordenadas à pandemia.

Este sumário de referências teve como objetivo identificar as fontes das estratégias referenciadas em estudos publicados que discutiram o manejo de pacientes em cuidados paliativos no contexto da pandemia de Covid-19.

32 estudos foram incluídos divididos em: recomendações gerais para pacientes em cuidados paliativos; guias ou guidelines detalhados para o manejo de pacientes em cuidados paliativos; ferramentas de manejo de sintomas específicos, para pacientes com diagnóstico de Covid-19 e em cuidados paliativos; recomendações específicas para pacientes em instituições de longa permanência em cuidados paliativos; e recomendações, orientações e guidelines para pacientes em fim de vida.

Os materiais encontrados sugerem diversos fluxogramas para identificação rápida e manejo de sintomas de pacientes em cuidados paliativos que apresentem qualquer sintoma suspeito de Covid-19. O acesso aos materiais encontrados em todos os sites de organizações de cuidados paliativos é gratuito, porém apenas duas organizações são brasileiras e possuem material em português.

Recomenda-se que qualquer implementação nacional tenha como base inicial as recomendações realizadas por estas duas organizações, pois o seu contexto é mais generalizável do que de instituições de outros países.